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Entrevista com Coronel Paulo Cesar Leal

Coronel de Infantaria do Exército Brasileiro, que comandou o 16º Contingente  do 2º Batalhão de Infantaria de Força de Paz (BRABAT 2/16), em Porto Príncipe.*

O Comandante do Brabat 2/16 explica porque foi ao Haiti e  comenta sobre os principais problemas enfrentados pelo país. Durante seu período em solo haitiano ele lembra a falta que sentia da família e lamenta o consumo obrigatório da ração operacional ** a cada quinze dias.

Durante mais de sete meses Cel Leal comandou 769 militares do Exército Brasileiro em Porto Príncipe. Vários foram os desafios enfrentados, pois a situação é extremamente diferente da vivida nos quartéis em solo nacional. Para tanto são realizados meses de preparos para cada tropa designada para servir no Haiti.

           

 

AH: Porque o Sr. aceitou o convite para ir para o Haiti?

Cel Leal: aceitei o convite por considerar tratar-se do coroamento de uma carreira de mais de trinta anos de serviço, atuando como comandante de uma Unidade de Infantaria em operações reais. Senti-me honrado pela missão recebida.

 AH: Qual é a principal impressão que o Sr. teve ao chegar ao Haiti?

CEL LEAL: que o país precisa desenvolver-se econômica, política e socialmente,, a fim de mitigar o sofrimento do povo haitiano.

AH: O que mais achou diferente do que falaram, ou do que imaginava e o que viu que era exatamente o que lhe falaram, ou imaginava?

 CEL LEAL: o que encontrei foi exatamente o que tinha ouvido falar ou lido a respeito: pobreza extrema, desesperança e instituições carentes.

AH: Quando lhe perguntam como é o povo haitiano o que o Sr. responde?

 CEL LEAL: um povo sofrido que precisa de apoio para desenvolver-se.

AH: E quando lhe perguntam como foi a missão, e o Sr tenta resumir para explicar, o que fala?

 CEL LEAL: foi uma honra, e representou a satisfação da certeza do dever cumprido.

AH: Qual a principal lembrança?

 CEL LEAL: a pobreza extrema e seus reflexos especialmente para as crianças.

AH: Voltaria ao Haiti? Por que?

 CEL LEAL: sim. Por saber que com o meu trabalho estaria contribuindo para amenizar o sofrimento daquele povo.

AH: O que falta ao Haiti?

 CEL LEAL: desenvolvimento econômico, político e social.

AH: Se pudesse enumerar um problema, qual seria o maior problema do Haiti?

 CEL LEAL: a falta de perspectivas de melhorar os índices sócio-político-econômicos.

AH: Do que tem saudade de lá?

 CEL LEAL: da interação com meus subordinados, integrantes do batalhão que comandei. O desempenho deles foi excepcional.

AH: Do que não sente falta?

 CEL LEAL: da ração operacional consumida duas vezes por mês.

AH: Quando estava lá, o que mais sentia falta na sua rotina?

 CEL LEAL: da família.

AH: Se alguém lhe pedisse a opinião sobre ir ou não ir, e por que, o que o Sr. responderia?

CEL LEAL: ir, mas considerar que é uma missão que exige sacrifício, dedicação e responsabilidade de todos e de cada um.

*Entrevista realizada por email e o Coronel ressalta que as respostas são de cunho pessoal não podendo ser consideradas como ponto de vista do Exército como Instituição.

 

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